sábado, 11 de setembro de 2010

Desconstruindo o Individualismo

-Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia; refúgio contra a tempestade e sombra contra o calor [...]Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte” (Isaías 25,4; 41,6).

Quando o egoísmo, a altivez, avareza e outros aspectos desta natureza dissolvem a nossa humanidade, inevitavelmente, nos tornamos insensatos, injustos e insensíveis à dor e ao sofrimento do outro. Este comportamento denuncia a existência de um individualismo doentio e, via de regra, destrutível. O individualismo não é um elemento ético novo, ele já estava presente no princípio da Criação e que ao longo dos tempos foi tomando forma bastante acentuada.

O individualismo que conhecemos não é característica exclusiva da modernidade. Em nossos dias ele se solidificou de maneira avassaladora, multifacetado a ponto de ser encontrado em todos os setores da sociedade, grupos sociais, religiosos, etc. Alguns acreditam e defendem o individualismo como um aspecto necessário para sobrevivência do ser humano neste mundo globalizado onde a competição é inevitável e que facilmente nos transforma em objetos, números, mão de obra barata e escravos. Isto nos remete a Nicolau Maquiavel, no século XVI, quando disse que “os fins justificam os meios”.

Eticamente, individualismo “é uma atitude que privilegia o indivíduo em relação à coletividade”, isto é, trata-se da centralidade da pessoa em busca dos seus próprios interesses sem se importar com os demais que estão à sua volta os quais formam o grupo social a que pertence.

Esta lógica que prevalece entre nós, violenta, agride e promove sofrimentos, deve ser combatida com atos contrários da nossa parte. O instrumento desse combate é a lógica do Reino de Deus que nos ensina um caminho oposto. Enquanto o sistema político, econômico e até mesmo religioso propõe a desumanização dos seres humanos, o Reino de Deus nos incita à humanização da vida por meio da justiça, solidariedade, fraternidade, partilha. É caminhar sempre “uma milha a mais” como nos ensinou Jesus, com aqueles que sofrem a indiferença por decorrência de atos individualistas.

O que fazer diante do individualismo? A ajuda mútua é a primícia de todas as nossas ações. Mas antes de qualquer atitude, cada pessoa deve se conscientizar de sua contribuição sem esperar o reconhecimento do outro. Conforme o texto bíblico há uma sistematização desse processo.

Por isso, afirmamos que precisamos desconstruir o individualismo. E como se dá essa desconstrução?

  • A desconstrução do individualismo inicia-se a partir de mim. Se desejamos um mundo melhor para nós e os nossos descendentes, individual e coletivamente devemos nos postar como a força dos fracos.
  • A desconstrução do individualismo acontece quando você e eu nos propomos transpor todos os preconceitos e discriminações de toda espécie e desangustiar aqueles e aquelas que se fragilizam e consequentemente se desintegram pelas imposições das crises existenciais resultantes dos descasos sociais.
  • A desconstrução do individualismo ocorre também quando, com a nossa coragem e ousadia assumimos a condição de acolhedor/acolhedora para todos/as indistintamente e lhes concedemos fios de esperança e transformação do sistema opressor.
  • A desconstrução do individualismo se concretiza de fato quando valorizamos o nosso semelhante a partir de suas fraquezas e de suas qualidades, compreendendo que também possuímos as mesmas e assim mutuamente estabelecermos uma relação de ajuda.

Estes são os grandes desafios que estão diante de nós e que não podemos ignorá-los e só serão vencidos, se, coletivamente e sem vaidade pessoal os enfrentarmos visando o bem comum de todos, pois, um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte”.

Rev. Juarez Ferreira de Jesus

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